segunda-feira, 21 de março de 2011

Carta ao Pequeno Príncipe


Olá amiguinho. Lembra de mim? Como vai seu pequeno planeta?
Espero que bem. No meu, muito baobá para pouca flor. Aliás, mais espinho do que flor (lembra da história das rosas que se protegem com os espinhos?). Aqui é diferente agora. Temos menos ovelhas comendo rosas e menos rosas do que espinhos, mas isso é outra conversa ...
Aqui também ainda existem aqueles concursos para miss (agora tem miss de tudo) e continuam confundindo você com Maquiavel. Acho que precisam de mais leitura e menos silicone, mas leitura não dá ibope. O que dá ibope é plástica, lipo, silicone ... (e to ferrada amiguinho: sou original de fábrica).
Mas vim mesmo te falar da Raposa. Ando desconfiada dela. Acho que você deveria abrir o olho também.
Dia desses encontrei com ela passeando por ai. Tentei ser educada, mas ela não quis falar comigo.
Me disse que a gente só conhece bem as coisas que cativou. Não entendi lhufas ...
Percebi que ela não é flor que se cheire quando roubou uma mecha do meu cabelo (o cabelo não é original de fábrica; vivo pintando). Tá quase louro de tanta luz, e a desculpa dela foi lembrar de uns campos de trigo.
E é contraditória essa Raposa. Não queria falar mas marcou um encontro. Aliás, vários para irmos nos aproximando. O primeiro foi para a sexta, 21hs.
Ela me pediu para chegar 21hs em ponto porque ficaria feliz desde às 20hs, esperando o grande momento.
Cheguei um pouquinho atrasada e ela surtou. Falou que somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos e perguntou, focinho vermelho de chorar, se eu tinha consciência de que 'perder tempo com um pessoa faz dessa pessoa importante'. Chantagem emocional, percebe?
Ela queria meu afeto, mas esqueceu que também somos responsáveis quando nos deixamos cativar.
Amiguinho, ela é doida. Quer compromisso com hora marcada e tenta impôr as regras dela para uma troca afetiva. Aliás, as regras estão sempre a favor dela.
Chegou ao ponto de dizer que só seria feliz se eu fosse, como se a felicidade dela estivesse condicionada a um encontro com outro.
Percebe que ela joga no outro a responsabilidade pela felicidade dela?
Parece que nem consegue ver a beleza de um trigal sem lembrar de alguém.
Além disso, parece criança exigindo nossa presença na hora em que ela deseja, como que se o outro devesse algo à ela por tê-la cativado. Cativar é via de mão dupla.
Mas eu cai nessa história. Comprei direitinho as idéias da raposa (culpa da mídia, que vive citando as idéias dela como verdades universais).
"você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa" todo mundo decorou (e a frase nem é sua).
Também andei condicionando minha felicidadade a presença de gente em minha vida. E confesso envergonhada que também andei cobrando por terem me cativado.
Bem, me dei conta da besteira. Cada um é responsável por sua própria felicidade.
E agora que mei dei conta, não falo mais com a Raposa.
Se eu fosse você faria o mesmo.
beijos e saudades