domingo, 21 de novembro de 2010

Desapego

Hora de ir embora (literalmente).
Coisa difícil essa de mudar de estado (civil, emocional e geográfico).
O estado civil ficou para trás há quase dois anos, civilizadamente.
O estado emocional, caótico, sem despedida.
(eu fui embora tendo a certeza de que, mais uma vez, não sou eu quem vai embora)

Decisão tomada. Direção escolhida. São Paulo.
Roupas, alguns livros, cd's e só. O resto fica.
O diabo é que o resto não é composto apenas de carro, móveis, panelas, eletrodomésticos e tralhas acumuladas por anos.
O resto é composto de vida vivida alegre doída de risada ferida de choro de dança de beijo de lágrima de amor de dor de sexo de falta de nexo de amigos de chuvas de plantas de ritos de lua cheia de fantasias manias meus quadros momentos de frio baladas de noite calada crianças chamando ex amor da vez saudade melancolia a cama vazia caixinha de sonhos telefone tocando sol queimando lençol amassado corpo suado coração estraçalhado cabelo molhado o boteco da esquina desenho tecido ruído saudade de novo vazio silêncio.

Eu começei minha faxina
Tudo o que não serve mais
momentos, sentimentos, pessoas
Eu coloquei dentro de uma caixa
sem apego, sem melancolia, sem saudade

(Ah, como que queria que esse desapego fosse de verdade)